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Soul Kitchen

24/03/2010

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A comédia pode aparecer em doses triviais como uma cena de ereção numa sessão de quiropraxia ou um tropeço desastroso durante um funeral, mas em se tratando do garbo de Fatih Akin, só podemos acusar seu “Soul Kitchen”(2009) com o eufemismo de espirituoso, até porque, na maior parte do tempo, é.

Depois dos densos dramas anteriores Contra a Parede(2004) e Do Outro Lado(2007), o prolífico diretor alemão de origem turca nos leva a uma Hamburgo contemporânea, jovem e miscigenada, e consegue transferir a sensação de conforto que ele próprio nutre com o cenário em viveu por muitos anos. Esse saboroso elemento intimista funciona bem com o público bem com júri de Cannes, que lhe conferiu prêmio em 2009.

No roteiro, um jovem alemão de origem grega, dono de um restaurante ‘de beira de estrada’, vê a bela namorada partir para uma longa temporada em Xangai no mesmo período em que seu irmão sai em condicional(rosto familiar de Corra Lola, Corra), agentes sanitários o pressionam, assim como um mal intencionado colega de infância, um tempestuoso chef (o protagonista de Contra a Parede) assume o cardápio de seu restaurante e um pequeno acidente o leva a um consultório de quiropraxia.

Esta sincronia de infortúnios, os rostos de atores conhecidos e a atmosfera calorosa apresentada por Akin criam um clima descontraído e facilmente nos envolve (da mesma maneira convidativa que faz aos novos clientes) durante a transição de Soul Kitchen à um lugar aconchegante, badalado, que seduz seus freqüentadores descolados com alta gastronomia e uma agradabilíssima trilha de soul e funk, marcada por uma noite, particularmente extravagante, que demarca o clímax do filme, sucedido por uma sequência bem morna de reviravoltas e desencontros que só retoma o sabor brevemente nos estilosos créditos finais.

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